domingo, maio 11, 2008

HISTÓRIA DE UM MAESTRO

Rui Costa - Um craque genuinamente benfiquista
Sangue do nosso sangue

Está na hora do adeus, é certo, mas neste domingo em que arruma as botas, Rui Costa dá um passo importante rumo a um novo e importante papel no seu Clube do coração. Depois de uma carreira de 26 anos (16 como profissional), aquele que foi um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos abraçará o projecto que visa devolver o Benfica às glórias.

E, claro, todos esperam que Rui Costa transporte para as mesas das reuniões a mesma qualidade e atitude que fizeram dele uma figura estimada dentro e fora dos relvados. Trata-se de uma natural transição de alguém que reúne os requisitos de conhecer a alta roda do futebol e o Benfica como poucos.

Um adeus (certamente) emocionado

Ainda assim, antes desta fase de transição, Rui fará o seu jogo derradeiro enquanto futebolista profissional. Vestirá a camisola dez pela última vez e, certamente, muitas memórias lhe virão à cabeça. Afinal de contas, trata-se de um jogador que, depois de quase dez anos na formação do Benfica, triunfou de águia ao peito e, ao mesmo tempo em que fez parte da história construída por uma geração de ouro, conseguiu brilhar durante mais de uma década no exigente futebol italiano antes de regressar à Luz, local que o viu nascer.

A despedida, essa, respeitará esta história de amor entre adeptos e sócios e um jogador que sempre sublinhou o seu benfiquismo enquanto era iluminado pelos holofotes da fama internacional. Neste encontro tão simbólico para si (e importante para a equipa, pois joga-se um possível acesso à Liga dos Campeões), estará em jogo, na mente e no coração de Rui Costa, a tentativa de fechar em beleza uma bonita saga.

Jogará, pois, com garra, emoção e concentração aquele que todos quererão ver e homenagear na Luz, neste domingo. Como não podemos antecipar o que se passará neste domingo, podemos marcar, nestas linhas, encontro com a história e relembrar o quão grandiosa foi a carreira do “Maestro”. Ei-la…resumidamente.

O herói “italiano”… fiel ao Benfica

O princípio desta história remonta a 26 anos atrás. Cumpria dez anos de idade quando, depois de ter dado nas vistas no futebol de salão do Damaia Ginásio Clube, chegou ao Benfica, ainda franzino, mas precisou apenas de meia dúzia de minutos para encantar Eusébio e para ser incorporado no futebol de formação do Benfica. Tal trajecto teve o seu ponto alto no Mundial de Sub-20 (1991), quando se tornou numa das figuras de monta da chamada "Geração de Ouro".

Campeão no Benfica, despertou o interesse de gigantes, parecendo o Barcelona o destino certo. No entanto, acabou por ser a Fiorentina a garantir a contratação do médio criativo. Seguiram-se 12 anos de Itália nos quais Rui Costa construiu uma carreira de sonho. No Milan, onde conquistou os principais títulos italianos e europeus, colocou a cereja no topo de um bolo recheado com 94 jogos e 26 golos ao serviço da Selecção Nacional.

Que pena ter terminado a trajectória internacional no relvado da Luz... aquando da derrota com a Grécia, na final do EURO 2004. No entanto, nesse mesmo relvado, continua a espalhar classe ao serviço do seu clube do coração: o Benfica, onde realizou as duas últimas épocas sempre em crescendo, após alguns azares físicos iniciais. Afinal, ainda há histórias de amor no futebol. E esperemos que, mesmo fora de campo, possa ajudar o Glorioso na sua caminhada para um futuro cada vez melhor.

Texto: Ricardo Soares

Rui Costa